Águas do Ventre
- Ise Mahsati
- 25 de dez. de 2017
- 3 min de leitura
Inúmeras são as formas fluidas saudáveis que o ventre feminino gera em si:
Linfa, urina, sangues menstruais, do parto, da virgindade esvaída, o sangue raro e róseo da nidação do embrião, fluidos vaginais, o sangue falho do climatério, secreções diversas ao longo de um ciclo, ejaculação feminina, fluído cervical, líquido amniótico da bolsa quando o bebê avisa de sua breve chegada,
fluidos intersticiais... Quantos mais?
Quanta perfeição e quanto mistério o ventre da mulher guarda.
Tanto ‘quanta’ energético em prol da vida. Todos eles pedem fluidez sãs e nosso olhar atencioso para amaviosamente serem, estarem e acontecerem.
O inverno é um tempo frio e úmido. Seu ápice, o Solstício de Inverno em junho, no hemisfério sul, é a noite mais longa do ano. Quando o planeta chega ao máximo de sua inclinação em relação ao sol fazendo esse hemisfério mergulhar nas frias
brumas da ausência do calor solar. Esse clima inspira a proteção, o aconchego,
o silêncio e a introspecção para o refazimento. Neste tempo a Terra é uma vastidão sombria da gélida energia que guarda em seu íntimo a centelha da vida em forma de sementes que germinarão, florescerão e frutificarão em estações vindouras.
Diversos mitos nos falam do nascimento da “criança solar” que acontece na culminância da friagem. O sol fraquinho nasce e conforme a Roda do Ano gira se tornará mais forte e mais presente trazendo consigo a vida e o alimento para o sustento. No Taoismo essa estação tem relação íntima com a energia fluida, inercial e latente do Elemento Água que reside na não ação e representa o início do ciclo da vida.
Em analogia com os Ciclos Lunares esta estação traz a energia da Lua Nova;
A lua do vazio que guarda a semente para posterior fase cheia, pois é nela que o ciclo termina e também recomeça. Lunação do máximo do Yin; lua que traz em si o final dos ciclos para o recomeço do novo. Somente quando se finaliza o velho o novo pode se iniciar. A Lua Nova nos conduz a introspecção do refazimento;
O vazio onde a escuridão de nossa inconsciência pode ser confrontada pra que
a luz se faça. O nada do qual surge o recomeço. O recomeço que brota e
se tornará plenitude, conforme a roda da vida gira...
Em comparação aos Pequenos Ciclos Femininos, neste tempo vivenciamos a fase da "Menstruação". O final de um ciclo e também o recomeço de um novo; O tempo do esvaziamento do ventre para nova semente (óvulo) germinar e ganhar vida, seja através de um novo pequeno ciclo (menstrual) ou através da fecundação (grande ciclo). O sangue menstrual é a matéria pronta. É o resultado final
do projeto biológico da perfeição feminina para a qual foi criado,
da qual uma gama de hormônios participou harmônica e perfeitamente
para criar o que continua a ser vida fora do corpo físico.
Comparando com os Grandes Ciclos Femininos essa é a fase dos Ciclos de Sangue da Anciã - "Climatério e Menopausa", aquela que retém em seu ventre toda a sabedoria contida em todos os ciclos que ela experienciou. Ela agora é detentora do conhecimento de todos os lunares e dona de todos os mistérios dos sangues vertidos; Eximia conselheira, digna de respeito e reverência pelas conquistas completadas de seu ventre. Cada experiência de vida que os ciclos de sangue
lhe proporcionaram são valiosos tesouros para si e para muitas que
podem se valer de seus conhecimentos.

Na lua nova do solstício de inverno nós, Filhas da Lua, nos encontramos para celebrar a vida, a união entre irmãs e abençoarmos as Águas de Nossos Ventres.
Os benefícios de celebrar um encontro feminino salientando os ritmos e mitos das estações do ano é alinhar nossos próprios ritmos cíclicos e embasá-los
na sabedoria e perfeição da natureza.
(Ise Mahsati - Guardiã do Círculo de Mulheres Filhas da Lua)
O Encontro Águas do Ventre foi canalizado e é guiado e orientado pelas Anciãs Filhas da Lua
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